Idealmente,
correspondem à família e ao Estado o dever de fornecer educação de
qualidade. Veja até onde a família pode ajudar a escola na
imprescindível tarefa de educar
por Cassiane Knopf e Janaina Cerutti

É sabido que o desempenho escolar individual de cada aluno depende
não apenas do seu rendimento em sala de aula e da competência de seus
professores, mas também, do apoio da base familiar que esta aluno
encontra em sua casa. A relação entre família e estudos e,
principalmente, a maneira como a família de cada aluno se comporta em
relação ao seu desempenho escolar, influencia os resultados obtidos por
crianças e adolescentes, independente de classe social. Uma base sólida,
com pais que se interessam e, até mesmo, ajudam na execução das tarefas
escolares faz com que este aluno renda mais em todos os âmbitos de sua
carreira escolar. Não basta apenas que os pais se preocupem e estejam
presentes nas horas de estudos - eles devem também ter a capacidade de
percepção para notar quando seu filho não está desempenhando
adequadamente em alguma matéria e buscar soluções: seja ajudando-os a
estudar, ou mesmo contratando professores particulares para que estas
carências sejam supridas.
Estas atitudes, no entanto, podem ser difíceis, dependendo do
status social da família: nem sempre é possível que os pais tenham tempo
disponível para entender e ajudar em todos os problemas que seu filho
esteja encontrando na escola. Entretanto, isso pode ser remediado, se os
pais demonstrarem interesse em todas as tarefas realizadas por suas
crianças ou adolescentes.
É imprescindível para o sucesso escolar que a criança note que
seus pais buscam motivá-lo para obter este sucesso; de certa forma, os
pais são a força motriz para o estudo das crianças, e seu bom
desempenho.
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Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade
Católica de Campinas (1971) e mestrado (1976) e doutorado pela
Universidade de São Paulo (1980). Atualmente, é professor titular da
Universidade Estadual de Campinas. Tem experiência na área de Psicologia
Educacional, onde desenvolve atividades de ensino, pesquisa e
orientação nos seguintes temas: afetividade, alfabetização e letramento,
formação de professores, ensino e aprendizagem.
(fonte: currículo Lattes da autora)
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Graduada em Pedagogia
pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1983), mestre e
doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (2000 e 2008,
respectivamente). Atualmente é professora do Programa de Pós-Graduação
em Educação da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Foi
professora da Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental e
coordenadora pedagógica dos respectivos níveis de ensino. Realizou
estudos na área da Psicologia Educacional e Formação de Professores, com
ênfase nos processos de Ensino e Aprendizagem na sala de aula, atuando
principalmente nos seguintes temas: afetividade e cognição,
alfabetização, condições de ensino, mediação pedagógica, relação
professor-aluno, ambiente de sala de aula, Educação Infantil e Ensino
Fundamental.
(fonte: currículo Lattes da autora
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De acordo com
Sérgio Antônio da Silva Leite
e
Elvira Cristina Martins Tassoni
, quando a família e a escola mantêm boas relações, as condições para
um melhor aprendizado e desenvolvimento da criança podem ser
maximizadas. Assim, pais e professores devem ser estimulados a
discutirem e buscarem estratégias conjuntas e específicas ao seu papel,
que resultem em novas opções e condições de ajuda mútua.
O envolvimento dos pais com a escola é essencial para a
aprendizagem de sucesso dos alunos. Não basta que os pais saibam que o
filho vai a todas as aulas e realiza as tarefas, eles precisam ter
interesse no que cada tarefa consiste, e mostrar que estarão ali,
apoiando a criança ou adolescente, independente de seu desempenho.
ATÉ ONDE IR
O grande problema nesta questão, no entanto, é saber a medida
exata com que os pais devem, de fato, se envolver: a criança deve saber
que pode contar com os adultos responsáveis em sua vida para ajudá-la,
mas jamais para assumir suas responsabilidades. A problemática deste
envolvimento são os pais que, por exemplo, executam as tarefas para os
filhos (resolvem seus deveres de casa, pesquisam seus trabalhos para
entregar) ou, quando estes falham em executá-las, procuram o professor
para tratar do assunto, ao invés de deixar a criança assumir a
responsabilidade pelos seus atos - como no clássico caso de um aluno
terminar o ano com notas baixas e o professor ser inquirido a respeito,
como se decidisse as notas arbirtrariamente, e estas não fossem
resultado do esforço e da dedicação do aluno. Este tipo de envolvimento
dos pais é prejudicial, tanto no âmbito escolar - já que a criança não
estará realmente aprendendo o que a tarefa objetivava -, como no campo
pessoal - uma vez que o aluno não perceberá que suas ações têm
consequências.
Segundo Epstein, há cinco tipos de envolvimento da família com a
escola. O Tipo 1 são as obrigações essenciais dos pais, como oferecer
apoio para seu desenvolvimento escolar, e auxílio quando possível nas
tarefas mais difíceis, que a criança possa não conseguir superar
sozinha. O Tipo 2 são as obrigações essenciais da escola, como oferecer
diferentes métodos de explicações e ensino, até que o aluno consiga
absorver o que necessita aprender de maneira adequada, sem que se sinta
desvalorizado ou incapaz. Além disso, entre as obrigações da escola está
a de abrir espaço para que os pais exponham também as suas opiniões e
impressões sobre o desenvolvimento do currículo escolar.
O Tipo 3 é o envolvimento dos pais em atividades de colaboração
na escola; por exemplo, envolver-se em feiras, festas, exposições,
reuniões e eventos escolares. O Tipo 4 é caracterizado pelo envolvimento
dos pais em atividades que afetam a aprendizagem e o aproveitamento
escolar em casa, ou seja, o auxílio que os pais prestam aos seus filhos
na hora de desempenharem tarefas longe da escola, seja atuando como
monitores, tutores ou mediadores do conhecimento, buscando, ou não,
auxílio nos professores. O Tipo 5 é o envolvimento dos pais no projeto
político da escola, mostrando interesse nos projetos desenvolvidos por
esta, e ativamente participando nas decisões e escolhas destes projetos,
e da atuação da escola na região em que está inserida.
Em síntese, os pais devem participar ativamente da educação de
seus filhos, tanto em casa quanto na escola, e devem envolver-se nas
tomadas de decisão e em atividades voluntárias, sejam esporádicas ou
permanentes, dependendo de sua disponibilidade. No entanto, cada escola,
em conjunto com os pais, deve encontrar formas peculiares de
relacionamento que sejam compatíveis com a realidade de pais,
professores, alunos e direção, a fim de tornar este espaço físico e
psicológico um fator de crescimento e de real envolvimento entre todos
os segmentos.
É possível, enfim, concluir que a participação dos pais na
carreira escolar de crianças e adolescentes é, sim, imprescindível; mas,
ao mesmo tempo, é necessário que este envolvimento seja um envolvimento
de qualidade - ressaltando que o essencial é a qualidade do tempo em
que os pais se envolvem com a escola e não apenas a quantidade de tempo
em que eles fazem isso. Um envolvimento saudável é o que causa o sucesso
escolar do aluno.
REFERÊNCIAS
POLONIA, Ana Costa; DESSEN, Maria Auxiliadora. Relações Família e Escola. Disponível em: http://repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/6226/1/ARTIGO_ BuscaCompreensaoRelacoesFamiliaEscola.pdf, em 13 de junho de 2011.
CARVALHO, Maria Eulina Pessoa de. Relações entre família e escola e suas implicações de gênero. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/cp/n110/ n110a06.pdf, em 13 de junho de 2011.
Fonte: http://linguaportuguesa.uol.com.br/linguaportuguesa/
acessado em 12/04/2014.